``Música para contemplar, sentir e ficar calminho. Se essa resenha fosse uma tuitada seria assim que expressaria a audição (as audições) do Rua I, da Torre, álbum de estreia dos pernambucanos. A rua musicalmente parece começar dentro de casa, senti-me ao ouvir as primeiras músicas como contemplando de forma invisível uma imagem estática, sendo levado pela letra, pela melodia, pelos samplers e efeitos a observar cada elemento daquela paisagem de forma detalhada, e de forma poética, não só como um retrato, como um quadro, mas como a vida, e todo o seu complexo e todos os seus significados. Tento levantar daquela cadeira onde contemplo a sala dos primeiros apartamentos da rua I, mas a música não me deixa, é como se o movimento só me fosse permitido depois de perceber tudo que tinha acontecido até ali.
Só então em “Da janela uma árvore” que me é permitido passear pelas ruas, mas não é um caminhar voltado só para o caminhar, assim como na sala da docilidade, eu vejo a paisagem misturada aos sentimentos das pessoas, como se estes fossem as próprias pessoas, todos carregados das suas virtudes e vicissitudes. De tanto ver os outros como outros, começo a me ver como outro, e entro em mim mesmo em “até amanhã”, mas ainda caminhando, um Brás Cubas ao avesso, tanto por estar vivo, quanto por ao invés de sair do meu corpo, mergulhar na profundidade dele, torno-me então aquele cenário, onde a paisagem natural se confunde com os sentimentos das pessoas, que são as próprias pessoas.
Depois de tanto resistir a sair, e após sair, imploro para voltar, voltar aquele lugar de início e o disco se encerra pedido para “manter minha calma”, pedindo para ficar calminho, ali parado.
Volto ao início da resenha, com minha proposta de tuitada, o disco é cheio de influências do que outrora foi chamado nacionalmente de Rock Triste, de uma cena Shoegaze de Recife que exportou outrora bandas como Mellotrons, de uma recente forte cena experimental Natal/João Pessoa/Recife, e até um pouco de Los Hermanos, não só pela melancolia, mas pela capacidade de passear com vários elementos e ritmos, o que expande em muito o universo da Torre.
Mas se enganam aqueles que pensam que a referência ao Rock Triste, a contemplação e ao “ficar calminho” tem algum apelo negativo, muito pelo contrário, afinal, lembremos que foi dormindo embaixo de uma macieira, que o Newton (que já era bacharel em artes) começou os estudos que nos apresentou a gravidade, essa mesma que a Torre tenta tirar um pouquinho de nós nesse disco.
Por fim, o projeto gráfico também demanda tempo e calma para leitura e contemplação, o disco no geral com tantos elementos é um convite a aguçar os ouvidos, os sentidos e prestar atenção em todas as janelas, rodapés e portas da Rua I.`` (Shilton Roque)
Somos um selo artístico que surgiu em Natal/RN no ano de 2016, filhos de um momento cultural em que as funções de artista, apoiador, divulgador e produtor se confundem, e todos nos aproximamos em consequência disso.
Krautrock meets ambient in the full-length from Youth Team, a lone producer twiddling knobs in one of Scotland's most remote locales. Bandcamp New & Notable Mar 5, 2021
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